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Carta a um ex (?) amor.



Isis Aguiar Pereira

Querido F.

Buscando expurgar uma enorme saudade e nostalgia, te escrevo; saudade e nostalgia de nossas conversas, daquela vida e de escrever cartas como em 2002; talvez devesse iniciar pelo inglês, que finalmente foi começado, e tenho até me surpreendido, ou pela bandas recém-descobertas, algumas com aquele ar de 1999, algumas me lembram as músicas que você gosta; deveria falar que finalmente vi aquele documentário da Marina Abramović, falar da minha gata que morreu e faz tanta falta, de como tenho tido êxito na meditação, na construção da autoestima, de como busco me sentir confortável sendo eu mesma; deveria te contar que finalmente me rendi a Game of Thrones e de como me apaixonei por alguns personagens da série e foi legal dividir mais isso com o K., somos mais amigos hoje do que nunca, e por falar no K., ele ainda não gosta de você; deveria te contar que fiz novas tatuagens, mudei o cabelo, criei novos hobbies, fiz e desfiz amizades, ri, chorei, passei raiva e me diverti, mesmo durante a quarentena. Apesar de toda a tristeza, F., a vida andou.

Devo contar também, mesmo sentindo cada corte na carne, que essas palavras causam, que sinto sua falta, F., esse tempo reclusa me fez pensar e sentir falta de tanta coisa! Senti falta de 1998 e do meu cd do Hanson, alaranjado e pirata, do vento frio tomando cerveja na Savassi com a Lara em 2007, saudade do ensino médio de manhã, pegar o 30 Sta. Margarida ouvindo o MP3 tocar Panic, do Smiths; F., lembra que o Morrissey era um cara legal nessa época?! Engraçado, nada disso existe mais, a banda, MP3, 30 Sta. Margarida, o Morrissey legal. Ninguém mais escreve carta, a conversa demorava tanto! Mas eu sinto falta, das cartas e da espera; F., sabia que às vezes eu sonho que recebi várias cartas, abro a caixa de correio e, lá dentro, elas estão esperando.

Sinto sua falta também, F., nunca mais soube de você, e a vida foi seguindo, seguindo e seguindo e, quando parou totalmente, me peguei com saudade (e ouvindo tanto American Football, Team Sleep, Silverchair e Oasis), percebi que tanta coisa me faz lembrar de você, F., músicas, filmes, aquele cara tonto que vejo às vezes.

F., eu não sei se é a falta da rua, ou de cigarro (sim, eu parei de fumar), excesso de casa, mas definitivamente, F., eu sinto sua falta.



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