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Covid 19 como metáfora letal

Atualizado: 30 de abr. de 2021



Gerciano Maciel


Em algum momento a natureza silvestre

no auge de seu estresse

sentindo-se oprimida

depositou no homem

num contágio invisível

talvez na China ou território limítrofe

uma partícula morta que se alimenta da vida.


Alguns meses depois e 16 mil quilômetros percorridos

encontro-me entrincheirado contra a supracitada partícula

numa casa simples

vendo uma rotina imóvel, indefinidamente proscrita

obliterando sonhos, planos e mesmo as mais singelas metas.


A princípio a esperança foi inevitável: as contornáveis

intempéries históricas, com precedentes ainda recentes, pensei.

Mas quando o vírus se juntou ao nosso

permanente projeto de extermínio

(fazendo os mortos se avizinharem

como se tivéssemos na introdução do Decamerão de Boccaccio)

a esperança se transfigurou

numa ave pantaneira ou amazônica

de asas queimadas.


Assim, no cativeiro e com o horizonte em chamas

no ócio sujo e solitário, não vislumbro voo.




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