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Minicontos da Quarentena II

Luís Fernando Amâncio
Consumiu livros, filmes e séries. Viu partidas antigas de futebol na TV. Até o tédio dominar. Era como estar preso em um sonho chato. Sentia falta da vida real.
A salvação foi a varanda. No prédio do outro lado da avenida, o entretenimento transbordava enquadrado pelas janelas. No quinto andar, o casal em crise mal se falava durante as refeições. No segundo, um velho compartilhava sua solidão com o cachorro. A jovem se exercitando nos fins de tarde proporcionava um belo espetáculo no décimo andar. Cada dia desvelava novos personagens.
Assim, a quarentena ganhou graça. Encomendou uma luneta pela internet.
